Quem e o que é o neoliberalismo mundial?

Antineoliberais em Viena Bild- Flickr.com CC BY 2.0
Fala-se muito em neoliberalismo, porém no Brasil não se sabe o que ele é, como funciona ou de que se reveste. As questões internacionais que ele envolve não são conhecidas na América Latina.
De Leo Ogg
Até a Segunda guerra Mundial, quando as monarquias com poucas exceções estavam extintas, sendo as restantes quase que nulamente decorativas para representar um Estado, as tendencias republicanas que as sucederam passaram a ser de um lado o liberalismo e o nacionalismo na continuidade capitalista, representados em suas maiores forcas pelos Estados Unidos e Inglaterra, esta com uma monarquia decorativa, e pela Alemanha, transformada em República após a Primeira Guerra Mundial, na chamada República de Weimar, e pela Itália. Com a ascenção de Benito Mussolini e de Adolf Hitler ao poder tornou-se clara e distinta a existencia das tres tendencias mundiais, liberalismo capitalista, nacionalismo, e comunismo marxista na URSS.
A Segunda Guerra Mundial foi a colisão destas forças e tendencias mundiais. A Alemanha desejava expandir-se ao leste tendo uma divergencia territorial com a Polonia e secretamente ambições quanto a territórios da URSS, com a chamada „Teoria do Espaço Vital“. De início eram maiores opositores entre sí o capitalismo norte americano e o marxismo soviético. Por este motivo diversas empresas norte americanas financiaram a ascenção de Adolf Hitler e o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, o NSDAP. O Rascismo era comum nos EUA e Europa e não incomodava as potencias ocidentais. A Rússia e posterior URSS não o conheciam, tampouco a escravidão, ou contra os judeus, os quais eram parte ativa da população em grande parte empobrecida no regime do Czar e com muito menor discriminação do que na Europa central.
Hitler necessitava passar pela Polonia para chegar à Rússia. Tinha uma disputa territorial sobre o porto de Danzig, sobre a qual há provas irrefutáveis de suas tentativas de procurar um acordo pacífico com a Polonia, a qual não aceitou nenhuma de suas ofertas, apoiada que era pela Inglaterra. Com a invasão da Polonia, a Inglaterra declarou a guerra à Alemanha, fato que hoje pouco se comenta e poucos sabem. Iniciava-se aí a Segunda Guerra Mundial. O maior ódio ingles se direcionava à Alemanha e o norte americano à URSS. Os EUA mantinham-se neutros. Empresas norte americanas foram fundamentais no desenvolvimento da indústria bélica alemã, enquanto que outras enviavam suprimentos para a Inglaterra. Lucrava-se com vendas aos dois lados. O Japão mudaria o curso da história.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, com a Alemanha e Japão em ruinas, restavam as potencias ganhadoras da guerra, o liberalismo e o comunismo marxista stalinista. Personificados nelas continuavam então Inglaterra, França e Estados Unidos de um lado, e URSS, a verdadeira vencedora da hecatombe mundial, contra quem Hitler e a Wehrmacht (Poder de Defesa Militar) usaram 80% de seus esforços industriais, economicos e militares. A URSS perdia 27 milhões de seus cidadãos, não havendo então uma só família soviética que não tivesse perdido alguém. O mundo muito possívelmente não seria melhor com uma Europa dominada por Hitler e tem esta dívida com a URSS, goste-se ou não.
Com a divisão em dois blocos, o nacionalismo estava findo e derrotado. Nações que tendiam a este tipo de postura política se definiam forçosamente para um lado ou para outro. Surgia na Europa o bloco dos paíse do Pacto de Varsóvia, dentre os quais ex aliados da Alemanha, como Romenia, Checoslováquia e Hungria, adotados à força pelo regime soviético, e do outro lado a OTAN, liderada pelos EUA. O Brasil, por sua proximidade geográfica e sua história anterior com a dependencia economica completa da Inglaterra desde a Guerra do Paraguay, se definia ao lado norte americano. Na Europa Ocidental e no Japão, vistas como estratégica para a cosolidação da política norte americana, foi conduzida uma política de apoio aos vencidos, antes inimigos. Com o Plano Marshal a Europa se recompunha e os investimentos no Japão relevantavam o país, estratégico também como fronte oriental à URSS e logo em seguida pelo surgimento da China Maoista.
Europeus e japoneses, próximos às potencias marxistas, idealizaram subvencionados pelos EUA o ordoliberalismo, ou a economia social de mercado, hoje como condenada à morte pelo novo liberalismo. Nela, a responsabilidade do Estado pelo bem estar da população é garantida dentro de um sistema liberal de investimento capitalista. Esta idéia é hoje já praticamente quase finda e se extingue lentamente na Europa e Japão, sendo as consequencias visíveis a quem conheceu Europa ou Japão há pelo menos trinta anos. Onde já é comum a imagem de catadores de latinhas e idosos dormindo ao relento.
Com o desmoronamento da URSS em 1990, causado pelo excesso de gastos forçados em orçamento de defesa e incapaz de sustentar a corrida armamentista contra o ocidente, o regime soviético falece e deixa a sós no mundo o liberalismo. Este, ao se ver só, mostra os dentes. Tenta envolver a então solitária e recém formada Federação Russa, com a tentação de um consumismo capitalista que fica acessível a poucos. Com a saida de um presidente alcólatra e sem grande controle de causas e efeitos de suas decisões e a chegada de outro líder, a surpresa em cenário inesperado mundial é uma Rússia capitalista e nacionalista que não aceita as condições da Nova Ordem ditada pelo sistema financeiro liberal canalizador onde os principais ganhos se desenvolvem nas bolsas de valores de Londres, Frankfurt e Nova Yorque. Wladimir Putin exige dos novos magnatas russos que metade de seus investimentos fiquem na bolsa de Moscou, e aos que se negam, os prende, sendo os caso
s mais conhecidos os dos Magnatas Chordokosky e Breszezinsky, hoje exilados em Londres após vários anos de prisão.
O cenário atual mostra uma China que se insere no sistema finaceiro internacional em concorrencia com os Estados Unidos, saido do estado letárgico do pensamento antigo de Lao Tze, que pregava o direcionamento para dentro do país e sua própria dinamica cultural, também adotado por Mao Tze Tung e seus posteriores herdeiros políticos. Hoje não mais. Assustam-se com a possibilidade de outra guerra com uma inesperada Rússia nacionalista a direita e esquerda tradicionais européias. Vem nas guerras do Oriente Médio os interesses geopolíticos e financeiros internacionais os quais sempre que necessário apontam o surgimento de algum outro Adolf Hilter em algum lugar, justificando as interferencias militares e causando desastres locais, os quais por sua vez geram o desejo de fuga da população em direção da região segura mais próxima, a Europa.
A Alemanha, com a população desnorteada e com as lembranças e complexos de culpa pela Segunda Guerra Mundial se ve acuada, embora sua política colonial imperial antes da Primeira Guerra Mundial com suas colonias africanas fosse quase nula se comparada a Inglaterra, França, Bélgica, Holanda e até Portugal. Alemanha acolhe em um ano quase um milhão de fugitivos, entre todos os tipos, a principio sírios, muitos dizendo dissimuladamente que o são. Mas é o resultado de uma política desastrosa de atrelamento político ao qual se deixou levar. Tem a principal base militar norte americana em seu território, de onde são controlados os drones que matam indiscriminadamente nas regiões em confilto, na cidade de Ramstein.
Os desastres ocorridos na Somália, por exemplo, já desde 1982, significaram o início da nova política de interferencias por motivos geoestratégicos neoliberais, o seu primeiro teste, quando lá se apoiou um ditador servil a interesses norte americanos, Jean Barret. Isto se não contarmos países latino americanos onde se impuseram ditaduras sangrentas, as quais eram justificadas como defesa contra a infiltração do comunismo soviético. Hoje a Somália é o país mais perigoso do mundo e seu espaço de mar é saqueado e transformado em depósito de lixo de frotas continentais.
Esta visão, de que os maiores conflitos e desastres do pós guerra são já comparáveis ao resultado da Segunda Guerra Mundial como às milhões de mortes causadas pelo stalinismo, é compartilhada pela esquerda e também pela direita européias. Divergem quanto á crítica da islamização, não levada a sério pela esquerda de tradição ateista com influencia crista pietista em roupas humanistas (compreensível no caso da Alemanha) e quanto à possivel serventia dos novos imigrantes para pagar os gastos sociais de uma população que envelhece, sendo a afirmação de que serão força de trabalho mais barata e por isto seria útil ao sistema novo liberal. Esta é a nova ordem mundial. É necessário criar confusão cultural para desunir, evitando os riscos da identificação e da tendencia ao nacionalismo.
Na América latina uma política de esquerda iniciada no Brasil e Argentina se direcionaram ao sindicalismo, buscando uma alternativa próxima ao ordoliberalismo, com a inclusão de pequenas garantias sociais, as mais simples se comparadas aos países europeus, tais como bolsa escola, bolsa maternidade, etc. Tal política é admirada pelos seus críticos no Brasil, conquanto que aplicada na Europa, tão mais justa e igualitária, ainda. Foi uma política de negociação entre patrões e empregados, levando lucros a bancos e grandes empresas, assim como a pequenos negociantes, levando-os a pagar impostos e gerarem assim mais dinheiro para o Estado. O apoio à indústria estratégica objetivado tendia a um nacionalismo acanhado e limítrofe. Seu ponte forte foi o consumismo por parte das camadas mais pobres da população, fortalecendo assim a produção e indústria básica. Foi pois uma simples assimilação de economia social de mercado (ordoliberalismo) dentro do capitalismo. Nada de comunismo ou marxismo, acusação absurda, erronea, ignorante e mal intencionada, mas causada por quem? Por aqueles que se negam a quaisquer gastos e responsabilidades sociais visando lucros cada vez maiores e incessantes, sem compromisso com preservação de bens históricos, culturais, ou mesmo com a saúde mental da população desorientada com os acontecimentos. „Se lixam“ para as nações, para os países, sua riquezas culturais e tradições. Desejam seus bens naturais exploráveis e seu valor de mercado, nada mais. Se necessário redesenham os limites geográficos de países a serem dominados, como tal feito na Yugoslávia e em países do Oriente Médio. Políticos corruptos lhes servem e interessam. Temos a América Latina agora em suas mãos.
Erros da política „ordoliberal“ no continente? O sobrecarregamento de impostos sobre a classe média e não da industrial e financeira (esta ficou com total liberdade enquanto que a indústria básica não foi subsidiada para modernização e barateamento de custos de produtos de maior qualidade), corrupção contagiante e alianças políticas sem ética nem moral.
Vale-nos citar Adorno. „Não receio mais o fascismo como tal, mas sim o fascismo disfarçado sob o manto da democracia.“
Objetivo da nova ordem liberal é a diminuição de gastos com empregados, não a modernização e adaptação de direitos sociais a uma estrutura dinamica de geração de riqueza para toda a população. Visa-se a aniquilação de toda e qualquer garantia social. Não se pensa em modernização de infraestrutura ou investimento rentável, mas em lucro imediato e especulação de capital volátil, dinheiro guardado para investir em altos e baixos de commodities das bolsas de valores de Londres, New York e Frankfurt e para quem gosta de pegar bonde na rabeira de tal „política“ e se julga incompetente para dirigi-lo. Para criar a idéia de incompetencia geral nada é melhor do que uma fusionada confusão cultural.

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