Em Santa Maria da Feira realiza-se anualmente uma grande festa, em honra de São Sebastião, a Festa das Fogaceiras. A 510 anos, no ano de nosso Senhor 1505 portanto, a febre amarela assola as Terras de Santa Maria. Os vereadores viraram-se no seu desespero à São Sebastião. Eles fizeram uma promessa, que iriam alimentar os pobres em sua honra, caso sejam poupados pela doença.
Rui Filipe Gutschmidt – 20. Janeiro 2019
O NOSSO MUNDO
Deu-se então, que a febre amarela passou ao lado da Vila da Feira. Já faz meio milênio, que confeiteiros e padeiros da cidade cozem um pão doce, as Fogaças, que são levadas em procissão pelas moças da cidade até a igreja para serem abençoados. Em 20 de janeiro de cada ano os que tiveram menos sorte na vida, são agraciados com o alimento abençoado.
Joaquim Pinto produzindo Fogaças 2 |
São as jovens moças do concelho, as Fogaceiras, vestindo roupas tradicionais que levam as Fogaças em suas cabeças da camará municipal à igreja. Ao longo dos séculos, foi por apenas quatro vezes, que a festa não se realizou. Devemos celebrar as festas, quando acontecem. Na verdade, as festas municipais realizam-se geralmente no verão, mas por efeito, S.M. Feira constitui uma exceção. Os feriados locais não foram abolidos, ao contrario de alguns feriados religiosos e nacionais que foram „temporariamente“ suspensos, sob pressão da Troika. Dia de Todos os Santos (11.1). Também o Dia da República (5.10.) sendo apenas dois exemplos. Mas os santos municipais, como o São João (Porto), o Santo António (Lisboa) e o São Pedro (Coimbra), são tão importantes para os Portugueses, quanto é o carnaval para o Brasileiro (e do Rhenâniano). A terça-feira gorda não ficou „exposta“, mas a „ponte“ na segunda-feira não foi permitida no serviço público. Os centros carnavalescos de Ovar, Albufeira e Funchal e outros se rebelaram contra a decisão do governo e aprovaram o dia de férias funcionários públicos da cidade. Estas festas são, segundo os Presidentes das câmaras municipais, um fator-chave para a economia local.
Também em Santa Maria da Feira, a festa da Fogaceiras – que é aliás, o nome das meninas que participam na procissão – um fator importante para a economia local. Pode muito bem ser que muitas lojas fecham no dia 20 de janeiro, mas os padeiros fazem dinheiro suficientes para, se Deus quiser, ter um bom começo para o novo ano. Em Portugal e para lá das fronteiras nacionais, (sobretudo em Espanha) o evento ficou bem conhecido, sendo a festa outra atração turística da cidade – ao lado da Viagem Medieval, o Festival de Teatro de Rua, „Perlim – a terra dos sonhos“ (parque temático de Natal) e muito mais. Milhares de visitantes vêm à cidade e trazem dinheiro para os cofres da cidade. Uma vez que a cidade tem que ajudar financeiramente cada vez mais e mais cidadãos, esse dinheiro também é necessário. Assim, os restaurantes, os padeiros, confeiteiros e donos de cafés podem respirar fundo, depois da festa. Porque eles ultimamente tiveram um tempo difícil. A proibição de fumar ou a instalação de exaustores, os aumentos de preços da eletricidade, gás, água, na verdade, de quase todo, o aumento do IVA de 16 por cento, para 23 por cento e, acima de tudo, os clientes estão constantemente falidos e consomem cada vez menos. Só o segmento de luxo é a única coisa que ainda se mantém.
Então é por isso tudo, que uma alegria é muito bem-vinda para esse povo. Além disso, também o trabalho é muito bem-vindo, em um momento em que há uma enorme onda de emigração. O Senhor Pinto, dono do Café Renascer, tem esses dias muito para fazer. Com a sua esposa, sua filha e uma outra funcionária, ele mantém a loja à tona. Já viu melhores dias, mas ele não se deixa abalar. Eu sinto as consequências da crise, porque nós somos bons amigos. Então, deixou-me dar uma olhada na padaria, dando-me mesmo permissão para ver o segredo da Fogaça. Não! Eu não vou contar o segredo – é segredo. Apenas isto: As quatro saliências na Fogaça representam as quatro torres do Castelo de Santa Maria da Feira. Uma característica especial da arquitetura militar do século 12.
As Fogaças vendem-se, como pão quente. Perdão: Fogaças quentes! A multidão no café do Sr. Pinto foi ficando cada vez maior e antes que eu me apercebesse, eu estava a embalar Fogaças, a levar os tabuleiros de volta para a padaria, trazendo a próxima carga lá para fora, e tudo começava de início. Eu apenas estava sentado no computador, escrevendo este artigo e, em seguida, fui promovido para padeiro auxiliar. Sim, a festa dá trabalho às pessoas e assim dá também dinheiro. As raparigas são muito orgulhosas do seu importante papel, as mães têm lágrimas nos olhos, as avós choram diretamente sem dó, e os pais e avôs são um pacote mais de nervos.
Na Igreja e na camara municipal, há centenas de voluntários e preparam com grande dedicação o grande dia. Um Fogaça média (650 gramas) custa 5 €, um grande (1.500 gramas) a custa 10 €. Isso é um muito dinheiro, visto k o preço de um pão normal é apenas 10-12 cêntimos. Pode imaginar -se que poucos conseguem pagar tal preço para um pão doce. Mas uma vez por ano? Isso consegue-se bem. Aqueles que não podem pagar, não precisam de passar sem a Fogaça, porque a tradição foi afinal criado mesmo para essas pessoas. Após a missa, as Fogaças abençoadas são todas distribuídas, e toda a comunidade vai comendo, saboreando o abençoado pão. Já se faz tarde, e eu também quero a minha fatia, sendo que vou dizer adeus ao Sr. Pinto, e também para vocês, queridos leitores, eu digo: „Vejo-os em Santa Maria da Feira.“
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